A Abertura

Uma partida de xadrez é dividida normalmente em três fases, a abertura, o meio-jogo e a final. A abertura é a primeira fase do jogo e consiste nos primeiros dez, doze e até os quinze primeiros lances. 

Nesta fase buscamos desenvolver as peças, tirando-as de suas posições iniciais e colocando-as em posição de alerta, prontas para o combate. 

Segundo Gérson Peres Batista e Joel Cintra Borges (2009),  "[...] sua importância é fundamental: é, por assim dizer, a base, o alicerce da partida. Em um nível mais alto de xadrez, um abertura mal jogada praticamente leva à derrota." O mate do Louco e o mate do Pastor são alguns exemplos clássicos de falhas graves na abertura que levam o jogador a uma sentença de morte quase que imediata. Em seu livro Os Mestres do Xadrez, Borges afirma que existem dezenas de aberturas e defesas bem estudadas, com inúmeras variantes e subvariantes, como a Abertura Italiana, a Abertura Espanhola, a Defesa Francesa, a Defesa Holandesa e a Defesa Siciliana, entre muitas outras. Existem inclusive milhares de livros inteiramente dedicados à essas aberturas e defesas. Mais adiante abordaremos algumas delas.

Para o autor, tentar aprendê-las de memória é impossível e também improdutivo. Para Borges, o importante é jogar com lógica, entender os princípios gerais não somente da abertura, mas do jogo como um todo[grifo nosso]. Com o tempo o jogador vai se familiarizando com esses lances, consegue entender o porquê de cada movimento e acaba os guardando de memória, não porque os decorou, e sim por compreendê-los.

O grande erro que os iniciantes cometem é iniciar uma partida com os Peões das Torres, evitando mover os Peões do Rei e da Dama. Muitos deles o fazem por achar que mover os Peões do Rei e da Dama, deixa o rei exposto, mas isso não passa de ilusão, e inclusive atrapalha o desenvolvimento que se visa na abertura.

Abaixo a ilustração mostra o que seria a posição ideal a se buscar na abertura de uma partida.

Ilustração - Posição Ideal , segundo alguns dos maiores jogadores do mundo

Essa é a posição ideal adaptada, pois o adversário responde às suas jogadas, sendo então necessário, modificá-la para evitar perdas materiais.

Ilustração - Posição Ideal Adaptada (afinal, o adversário também joga)

Em casos onde a abertura é mal feita, muito provavelmente, o jogador pagará caro pelo erro. Abaixo temos alguns exemplos. Na primeira, vemos o xeque-mate mais rápido que é possível se executar no xadrez. Ele ficou conhecido como o Mate do Louco.

Ilustração - Mate do Louco

E esse é o xeque-mate do Pastor (ou pastorzinho). É o xeque-mate mais rápido que se pode executar com as brancas.

Ilustração - Xeque-mate do Pastor

Existe até uma lenda a respeito dessa combinação. Segundo a qual, um antigo rei saiu para uma caçada e durante um descanso, resolveu jogar uma partida de xadrez. Como na sua equipe de apoio ninguém conhecia o jogo, ordenou que buscassem alguém nas redondezas. Os soldados nas buscas encontraram um pastor de ovelhas próximo do acampamento dizendo-se conhecedor do jogo. Foi levado ao rei e, após as saudações previstas, iniciaram uma partida. Para surpresa do rei, depois de apenas quatro lances, o pastor deu o xeque-mate. Surpreendido com a destreza do oponente, o rei denominou o rápido xeque-mate de xeque do pastor.

Mais à frente, podemos abordar essa partida lance a lance e como evita-lá.

Logo abaixo você pode ver lance a lance como o Mate do Pastor é executado.

Gif - Xeque-mate do Pastor

Referência:

BORGES, Joel Cintra. Os Mestres do Xadrez. - São Paulo: Universo dos Livros, 2009.